Categoria: políticas públicas

  • Guia ajuda a dialogar com criança vítima da violência

    Guia ajuda a dialogar com criança vítima da violência

    Saber escutar e interpretar sinais da criança pequena, vítima da violência, são habilidades importantes para quem atua na Primeira Infância. Por isso, um guia de capacitação quer ajudar agentes dos tribunais a fazer as perguntas mais assertivas para detectar irregularidades, buscando proteger meninos e meninas dos maus tratos.

    O Guia de Capacitação em Escuta de Crianças, elaborado pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Chilhood Brasil, foi distribuído, no final de 2014, aos 27 Tribunais de Justiça (TJs) do País pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

    O objetivo do documento é o de preparar os profissionais dos tribunais à coleta de depoimentos de crianças e adolescentes vítimas de violência. Dessa forma, pretende-se implementar um procedimento que garanta maior respeito e dignidade às crianças e aos jovens.

    O Guia não é um instrumento isolado. Faz parte de uma estratégia que também contemplou quatro cursos de capacitação de profissionais do Judiciário realizados em diversos tribunais do País e de outros que serão realizados em 2015.

    O Guia levou três anos para ficar pronto e contou com a colaboração de mais de vinte autores, dentre juízes, psicólogos, assistentes sociais, professores e outros profissionais da área da infância e adolescência. Nele estão contidos procedimentos que preparam a criança e o adolescente para a entrevista forense, a notificação dos casos de suspeita ou de ocorrências de violência sexual, a atenção integral à saúde de meninos e meninas em situação de violência sexual, dentre outros.

    O documento tem vinte capítulos e trata de conteúdos como quais atitudes caracterizam a violência sexual contra a criança e o jovem, os serviços oferecidos pela rede de proteção a essas vítimas, a escola como espaço para percepção de irregularidades na vida familiar da criança, dentre outros.

    A ideia é munir os profissionais de informações que favoreçam um diálogo mais próximo à criança, no lugar de termos técnicos e complexos normalmente usados pelos agentes dos tribunais.

    O Guia, disponível para download gratuito, é muito interessante. Vale a pena ser explorado por você e todos os profissionais da rede de proteção e atendimento à Primeira Infância – Educação, Saúde e Assistência Social.

    Destaque no site:

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  • Entrevista – Programa social fortalece os vínculos das famílias com as crianças

    Entrevista – Programa social fortalece os vínculos das famílias com as crianças

    Programas de visitas domiciliares são importantes estratégias para fortalecer os vínculos das famílias com as crianças, levando pais e cuidadores a contribuírem ativamente ao desenvolvimento infantil. Confira a experiência do Peru nesta entrevista com Maria Caridad Araújo, do BID, palestrante do VI Simpósio Internacional.

    Fundação Maria Cecilia – No VI Simpósio Internacional, a senhora contou da experiência Cuna Más, no Peru, de visitas domiciliares a famílias com gestantes e crianças até três anos. Por que decidiram incluir pessoas da comunidade para também fazer as visitas?
    Maria Caridad Araújo – A decisão de trabalhar com o pessoal da comunidade teve vários motivos. Em primeiro lugar, em muitas das áreas onde o programa atua (de baixa renda, rurais, isoladas) não há profissionais técnicos. Em segundo lugar, tendo em vista a diversidade cultural do Peru, os agentes comunitários estarão mais aptos a se comunicar com as famílias em seus idiomas. Em terceiro lugar, já existe uma relação prévia entre a família a o agente que é membro da comunidade, o que talvez facilite o acesso à casa da família. Por outro lado, em alguns casos isso pode vir a ser um obstáculo. Minha impressão é que o saldo da experiência peruana a este respeito é muito positivo.

    FMC – Qual é o papel dessas pessoas da comunidade nas visitas e interações com família?
    MCA – Elas são facilitadoras da comunidade que conduzem a visita domiciliar semanal. Fizeram o curso de capacitação do Programa para se familiarizar com o currículo, com os materiais e a metodologia. Recebem orientação e treinamento contínuos das monitoras técnicas do Programa, que são profissionais. Cada facilitadora trabalha com dez famílias e cada orientadora técnica trabalha com dez facilitadoras.

    FMC – Que tipo de capacitação foi necessário para deixar essas pessoas da comunidade mais aptas a realizar esse trabalho?
    MCA – É preciso investir tempo e recursos na capacitação prévia dos agentes comunitários, além de ter uma estratégia de formação, mentoria contínua e acompanhamento. Além disso, é provável que haja rotatividade de pessoal, ou que algumas pessoas abandonem o programa, por diversas razões. Esta é uma constante nos serviços de desenvolvimento infantil em todo o mundo. Devemos pensar em estratégias e cursos de formação que permitam a incorporação e treinamento adequado de novos colaboradores ao longo o processo.

    FMC – Essas pessoas recebem algum tipo de incentivo ou remuneração?
    MCA – Sim, as facilitadoras são remuneradas pelo Programa, não existe vínculo empregatício, mas elas são remuneradas.

    FMC – Há homens nesse grupo de visitas domiciliares a famílias?
    MCA – Sim, existem facilitadores e monitores técnicos homens.

    FMC – A senhora citou que muitos avanços foram conquistados, especialmente com relação a violência contra a criança. Houve uma aceitação fácil dos pais em não mais castigar ou bater em seus filhos? Quais estratégias foram usadas para convencê-los disso?
    MCA – O programa visa promover uma interação de qualidade entre pais e filhos, de forma sensível, receptiva, calorosa e rica em linguagem. O currículo propõe atividades como jogos e estímulo psicossocial como parte da rotina diária da casa, com foco nas áreas cognitivas e de linguagem. Tais mudanças acontecem por meio de práticas de disciplina positiva e menos punição física. Os resultados podem ser acompanhados através dos dados de avaliação de impacto.

    FMC – A sistematização desse projeto já foi feita? É possível adotá-lo em outros países, com os devidos ajustes?
    MCA – O modelo que inspirou o Cuna Más foi desenvolvido na Jamaica, nos anos 80. Ele é avaliado rigorosamente e demonstrou ter impactos de longo prazo. Foi adaptado e implementado em outros países como Índia, Bangladesh, Brasil e Colômbia. Esse modelo chama-se Reach Up. Durante o processo de desenvolvimento do Programa, ele foi devidamente adaptado e contextualizado a diferentes realidades do Peru por especialistas do Cuna Más .

    FMC – Qual o investimento aportado pelo poder público, por família, na experiência do Peru?
    MCA – Em 2015, o custo aproximado por criança atendida pelo Cuna Más nas visitas domiciliares semanais foi de 300 dólares por ano.

    No Brasil, algumas experiências de visitação familiar se destacam, como a Estratégia Saúde da Família e Primeira Infância Melhor (PIM). Recentemente, o governo federal lançou o Programa Criança Feliz. Por meio de visitas domiciliares a famílias participantes do Programa Bolsa Família, as equipes do Criança Feliz farão o acompanhamento e darão orientações importantes para fortalecer os vínculos familiares e comunitários e estimular o desenvolvimento infantil.

    Maria Caridad Araújo é Economista Chefe de Proteção Social  na divisão de Proteção Social e Saúde do Banco InterAmericano de Desenvolvimento (BID). Seu trabalho está focado no desenvolvimento da Primeira Infância e em programas de combate à pobreza. 

    Os pontos de vista contidos no texto são de responsabilidade do entrevistado e não necessariamente representam o ponto de vista da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

    Foto: Fabiano Alves para VI Simpósio/Fundação Maria Cecilia

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    Entrevista – Ricardo Paes de Barros fala sobre o programa Mãe Coruja Pernambucana, referência em primeira infância

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    Entrevista – Por que alguns programas sociais não dão certo?

  • Iniciativas inovadoras receberão apoio do programa Saving Brains

    Iniciativas inovadoras receberão apoio do programa Saving Brains

    Para que as mudanças na sociedade sejam profundas, é preciso começar por questões que a sustentam, investindo recursos e esforços em causas-chave, como a primeira infância. No entanto, velhas fórmulas para problemas atuais podem não trazer resultados que garantam uma transformação positiva e sistêmica de uma realidade repleta de carências. Quem sabe o seu projeto pode ser uma delas?

    O primeiro edital lançado pelo Saving Brains, também no Brasil, foi em 2013. Já estamos na quarta edição de uma iniciativa que acontece em nosso país por meio da parceria entre o Grand Challenges Canada e a Fundação Maria Cecilia.

    Para participar, além de inovadoras, as iniciativas (um produto, um serviço ou modelos de implementação) devem focar em uma ou mais destas áreas:

    • Apoio às boas práticas parentais (as relações entre as crianças e os pais e com adultos que são referência para elas); intervenções para fortalecer o vínculo; prevenção a maus tratos e castigos severos.
    • Bem-estar materno; saúde e nutrição da mãe.
    • Melhoria da amamentação e da alimentação infantil.
    • Programas de aprendizagem precoce.

    Também é necessário que elas sejam:

    • Acessíveis economicamente
    • Viáveis para a larga escala
    • Sustentáveis
    • Baseadas em evidências científicas
    • Monitoráveis e com avaliação de impacto

    Sua ideia ou seu projeto atende a estas características? Então, você já pode inscrevê-la no edital, até 11 de outubro de 2017.

    O programa irá distribuir 250 mil dólares canadenses entre os projetos aprovados, que contarão com apoio técnico e mentoria da Fundação Maria Cecilia.

    Até hoje, os editais receberam 532 inscrições. Destas, 93 são brasileiras, tendo, atualmente, 5 projetos apoiados pelo Saving Brains.

    Aliás, vale a pena clicar aqui e conferir as diferentes iniciativas aprovadas nos editais para entender melhor o propósito do programa e de que maneira as ações são pensadas e implementadas, respeitando os critérios necessários. Um dos projetos brasileiros, escolhidos pelo edital, você também pode conhecer, acessando-o aqui:

    Este vídeo também é bem bacana, porque mostra a importância de projetos e ações que promovam um melhor desenvolvimento infantil:

    Não perca tempo: fique por dentro do edital e faça a sua inscrição o quanto antes!

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    Você tem um projeto inovador de desenvolvimento infantil?

  • Dados mundiais apontam que melhor desempenho escolar começa na creche

    Dados mundiais apontam que melhor desempenho escolar começa na creche

    A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) acaba de lançar o documento Education at a Glance 2017, com dados do Brasil e de mais 40 países. Neste post, com base na publicação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que analisou as informações colhidas sobre o Brasil, vamos compartilhar o cenário da educação infantil brasileira.

    Sobre a essa importante etapa do ensino, algumas informações merecem destaque e nos dizem respeito, já que a primeira infância vivenciada na escola impacta o desenvolvimento da criança de zero a cinco anos (creche e pré-escola).

    Veja os principais achados do estudo:

    • Países que incluem em seus sistemas de ensino a educação infantil preparam melhor seus cidadãos para a experiência escolar futura. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudante (PISA), o desempenho dos estudantes de 15 anos, nessas nações, tende a ser melhor.
      A ciência também vem reforçando essa ideia. Aliás, aqui no blog, já falamos sobre o tema no post “Desenvolvimento humano só se constrói com educação”.
    • Também segundo o PISA 2015, o desempenho de estudantes que cursaram a educação infantil por dois a três anos é melhor do que os que a frequentaram por até dois anos. No entanto, como a ciência também comprova, educação infantil sem qualidade pode afetar negativamente o desenvolvimento da criança. Esse é o tema de um documento do Núcleo Ciência pela Infância (NCPI) que você pode acessar, clicando aqui.
    • No Brasil, a idade inicial do ensino obrigatório passou de seis para quatro anos em 2013, seguindo a tendência mundial de incluir a educação infantil no sistema. Para você relembrar como isso se deu em nosso país, sugerimos que clique aqui.
    • Em 2015, das nossas crianças com quatro anos, 79% estavam matriculadas na pré-escola. A média dos países da OCDE é de 87%. E mais: ficamos abaixo de nossos pares da América Latina, como Chile (86%), México (89%) e Argentina (81%). Estes dados nos mantêm em alerta. Afinal, precisamos atuar para que o direito à educação infantil de qualidade seja garantido a todos. O assunto é tão sério que falamos dele neste outro post: “Por que ainda não conseguimos acolher todas as crianças na educação infantil?

    Sabemos que a educação é fator crucial na vida do indivíduo. Quando ela está focada nos primeiros anos de vida, essa importância aumenta. Por isso, cada vez mais precisamos falar dos problemas que ainda impedem que a maioria dos pequenos tenha acesso à escola e receba uma educação que, de fato, promova o desenvolvimento infantil. Foi o que fizemos ao publicar este post, dentre tantos outros, sobre essa questão: “As 5 qualidades e as 5 fragilidades da educação infantil brasileira”.

    Vale a pena complementar sua leitura, acessando aqui um e-book que discute a educação infantil e coloca, lado a lado, a opinião de diferentes especialistas.

    Quer conhecer o documento do Inep sobre a pesquisa da OCDE? Então, clique aqui!

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    Roteiro: contribuições da Base Nacional Comum Curricular para a educação infantil

    O brincar: tema central da educação infantil

  • Políticas públicas para a primeira infância devem ser prioridades para combater as desigualdades, o maior problema do nosso país

    Políticas públicas para a primeira infância devem ser prioridades para combater as desigualdades, o maior problema do nosso país

    Nesta entrevista exclusiva, ele fala do tema que irá debater no evento, dia 7 de novembro, em Fortaleza (CE): “A criança como valor para a sociedade”. Confira!

    Fundação Maria Cecilia – Doutor Daniel, na sua opinião, por que é importante priorizar investimentos na primeira infância?
    Daniel Becker – Porque nessa fase do desenvolvimento, as influências do meio na formação da criança são muito intensas. Ou seja, garantir proteção, afeto, estímulos apropriados, livre brincar, alimentação adequada, cuidados de saúde e higiene, educação de qualidade, segurança é a maneira de fortalecer a família e os cuidadores dessa criança. Essas muitas frentes, quando criadas e articuladas, vão permitir à criança ser mais feliz e alcançar plenamente seu potencial. Vão também prepará-la para absorver os conteúdos educacionais importantes para sua vida como uma cidadã mais consciente, participante ativa da sociedade. Isso gera uma grande economia para a sociedade, pois reduz despesas com saúde, sistema prisional, além de reduzir as desigualdades – talvez o maior problema em nosso país. Como consequência, teremos uma sociedade mais educada, elegendo melhores políticos, um país mais sustentável em diferentes aspectos. Serão cidadãos que poderão ajudar a construir uma nação mais moderna, com inteligência criativa e uma economia dinâmica, e não apenas um fornecedor de matéria prima para o mercado internacional. O investimento na primeira infância é o melhor que existe e uma obrigação do Estado e da sociedade. Se se cumprir, vai refletir no bem-estar coletivo, criando uma sociedade mais justa e solidária, com capital humano qualificado e melhores oportunidades para todos.

    Fundação – Seguindo essa linha de raciocínio, podemos deduzir, então, que para o senhor as políticas públicas para a primeira infância devem ser prioridade do País.
    DB – Sim. As políticas devem garantir o acesso à segurança alimentar, ao saneamento, à boa moradia, à cultura, à saúde, à educação, ao lazer. Políticas de prevenção da violência são essenciais. A criança precisa de proteção integral para, de fato, se tornar um adulto pleno, protagonista de um país melhor. O trabalho dos municípios, especialmente, que têm em mãos a responsabilidade direta em garantir os direitos da criança local, devem aplicar políticas públicas que cumpram esse papel. É nessa instância que as transformações começam. O apoio às famílias também é um elemento central dessas políticas.

    Fundação – Por que o senhor acha que, embora tenhamos leis bem estruturadas que orientam como devam ser essas políticas, ainda não conseguimos garantir esses direitos à maioria das crianças, já nos primeiros anos de vida?
    DB – Falta muita coisa no Brasil para tirar leis e intenções do papel. Em primeiro lugar, nossa economia está a serviço dos grandes interesses do capital, não da população. A redução drástica de financiamento para políticas fundamentais para a infância, praticadas pelo atual governo, são a prova disso. Nossos níveis de investimento público se tornaram africanos. A agenda ultraconservadora ganha espaço no congresso, e não favorece a criança brasileira – ao contrário. Além disso, precisamos de maior transparência na gestão, com metas de políticas bem definidas, maior participação de conselhos nos governos – conselhos efetivamente deliberativos e não “cosméticos”, como acontece atualmente. O envolvimento da população e da mídia são essenciais. Aliás, a nossa imprensa tem um papel importante no processo. Ela precisa atuar pela primeira infância por meio de campanhas, mensagens orientadoras e educativas para as famílias – afinal, hoje “carregamos” a imprensa na mão, no celular. E também ajudar a população no processo de exigir prestação de contas dos dirigentes, ser porta-voz da sociedade, assumindo um papel central na defesa da infância.

    Fundação – O senhor acha que, para as famílias, está mais difícil educar os filhos?
    DB – Nós perdemos todas as referências que tínhamos. A família, por exemplo, se fragmentou e se transformou. Antes tínhamos uma transmissão de conhecimento e autoridade entre gerações – com todos os seus aspectos positivos e negativos – que se perdeu quase que por completo. Hoje temos muitas famílias monoparentais, em especial mães que assumem sozinhas a educação dos filhos, sem ajuda dos pais. Aliás, elas precisam especialmente de apoio. Temos filhos criados por avós, casais homoafetivos, famílias que se misturam com novos casamentos, enfim, um mix variado e heterogêneo. As referências se perdem. A igreja, que era uma instituição forte em ditar costumes, também perdeu sua força nos núcleos familiares, sendo que alguns grupos neopentecostais ainda detêm bastante influência, muitas vezes preocupante. O Estado, que já foi uma referência, está totalmente desmoralizado. A escola também perdeu força. Então, nos restam poucos parâmetros de como educar valores e comportamentos. Por isso, reforço que a mídia tem um papel essencial nesse sentido, porque ela acaba preenchendo essas lacunas. Mas ela é dominada pela publicidade e transmite muitas vezes o que interessa ao mercado – ou aos grandes poderes econômicos, o que nem sempre está em acordo com a melhoria da sociedade.

    Fundação – De que forma o Estado pode implementar essas políticas para que apoiem, de fato, as família de crianças pequenas?
    DB – Sob meu ponto de vista, as políticas públicas, para serem mais eficazes, precisam ser integradas. Elas devem propiciar ações que acontecem na ponta, unindo a educação, a saúde e a assistência social. Um exemplo é o programa Escolas Promotoras da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS). A escola trabalha a saúde das crianças, envolvendo as famílias, com educação nutricional, compartilhando noções de segurança à criança, de bons hábitos alimentares e de higiene. Mostrando a importância da atividade física. Convida os pais para discutirem a saúde e a criação dos filhos, a cidadania. Dessa forma, a escola assume um núcleo de difusão de educação e saúde para a comunidade, tendo as crianças como protagonistas dessa ação, e com plena participação dos professores. Um exemplo singelo: não é incomum um pai ou uma mãe parar de fumar porque o filho, com base no que aprendeu na escola, diz que faz mal e que não quer que ele adoeça.

    Fundação – O senhor vê prejuízos ao desenvolvimento das crianças de famílias com configurações não tradicionais? Como políticas públicas podem ajudar nesse sentido?
    DB – A família tem um papel preponderante na vida da criança. Quaisquer que sejam os cuidadores, se ela tiver um ambiente seguro, de afeto, de vínculo, do brincar, ela tende a se tornar um adulto feliz e mais realizado. O que deve mudar é o preconceito contra essas novas formações, como famílias homoafetivas – há muito trabalho a ser feito nessa esfera em que há tanta desinformação. Não importa a formação familiar, mas o afeto e o cuidado, a forma como essas pessoas se relacionam com a criança. Creio que um problema que é colocado nesse universo, que tem aumentado, são as mulheres que cuidam sozinhas do desenvolvimento dos filhos, seja porque os pais as abandonaram ou porque não quiseram assumir a paternidade. Às vezes esse abandono é extremamente precoce, ainda na gestação ou logo após o parto. Essas mulheres são verdadeiras heroínas, porque acabam assumindo várias jornadas, cuidando, muitas vezes, de vários filhos, de um idoso, da casa e, ainda, trabalhando fora. É uma situação muito opressiva para as mulheres. No entanto, se elas contaram com uma rede de apoio, de outros familiares e do Estado, essa situação pode ser amenizada. Políticas públicas que garantam essa rede podem evitar maus-tratos e abusos contra a criança, e perdas de saúde física e mental dessas mulheres. É essencial trabalhar com as famílias mais vulneráveis para prevenir esses problemas sociais.

    Fundação – Doutor, como o senhor vê a realização do Simpósio Internacional e quais são suas expectativas com relação à próxima edição, dia 7 de novembro, em Fortaleza?
    DB – O Simpósio já está na sétima edição e sempre tem uma boa repercussão. Vejo-o como uma oportunidade incrível de divulgar a prioridade do tema e de como garantir o cuidado integral à criança para que ela possa se desenvolver plenamente. É um momento especial de compartilhar experiências bem-sucedidas para os quatro cantos do país, influenciando gestores públicos a trabalharem pela causa.

    “Minha expectativa é que possamos conhecer no evento boas práticas que embasem cidades e estados a realizarem ações focadas na primeira infância. Práticas que possam ser disseminadas em grande escala. Por isso a participação dos gestores é tão importante. Precisamos conhecer o que funciona.”

    As inscrições para o VII Simpósio Internacional estão abertas. O evento presencial é para prefeitos, governadores, secretários estaduais e municipais, primeiras-damas, senadores, deputados, vereadores, desembargadores, juízes, promotores e defensores públicos. Profissionais da área, estudantes, famílias e interessados no tema podem participar via internet ou por simpósios satélites. Saiba mais, acessando o site do evento.

    Daniel Becker é pediatra, professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFRJ e colaborador do UNICEF e OMS.É mestre em Saúde Pública pela FIOCRUZ. Foi pediatra no Médicos sem Fronteiras e um dos criadores do Programa de Saúde da Família. Fundou e presidiu por vinte anos o CEDAPS (Centro de Promoção da Saúde).

    As opiniões emitidas pelo entrevistado são de sua inteira responsabilidade e não necessariamente representam a opinião da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

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    “Os secretários de educação terão de se conscientizar da importância de traduzir a Base Comum para os currículos municipais”

  • Simpósio Satélite: 7 dicas para organizar seu evento remoto sobre primeira infância

    Simpósio Satélite: 7 dicas para organizar seu evento remoto sobre primeira infância

    O tema desta edição é “Práticas efetivas para uma política integrada”. Sua participação é importante para ampliar o debate.

    Por isso, neste post, vamos mostrar dicas para realizar um Simpósio Satélite na sua região – uma forma de participar do evento, ficar por dentro do que vem sendo discutido e realizado pela primeira infância, além de contribuir para a divulgação da causa e de soluções que favoreçam o bom desenvolvimento infantil.

    O que é um simpósio satélite?
    Um simpósio satélite é um evento planejado e organizado de maneira independente por organizações que tenham interesse em realizar uma transmissão simultânea do VII Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância. 

    Confira 7 dicas para você organizar o seu satélite:

    1. Para promover um Simpósio Satélite entre seus colegas de trabalho, membros de sua família, amigos, lideranças de sua cidade, gestores municipais e de ONGs locais, etc., faça um cadastro de interesse neste link: http://simposio.ncpi.org.br/#register.
    2. Você precisará definir um espaço para transmitir o evento ao seu grupo. Nele serão necessários um computador (ou, se preferir, um smartphone ou tablet) e uma boa conexão com a internet (mínimo de 5 Mb de acesso), desbloqueada para acessar o YouTube. Se o local for amplo, ou se estiver com um número grande de pessoas, considere usar uma tela de projeção e caixas de som. Quanto à internet, lembre-se que a conexão via cabo costuma ser mais indicada, porque as redes sem fio (wi-fi) podem oscilar. No dia do evento, o link para assistir à transmissão estará disponível no site do Simpósio.
    3. Para reunir as pessoas, nada como uma boa comunicação! Convide o seu público, de acordo com o espaço que terá para acomodá-lo. Temos vários materiais que o apoiarão na convocação da plateia, é só clicar aqui e fazer o download. Nele também está o logotipo do evento, que você pode usar para criar suas peças de divulgação.
    4. Não se esqueça de utilizar as redes sociais. Acompanhe a nossa página no Facebook, compartilhe os posts que trazem informações e entrevistas com os palestrantes – aproveite e já confira as entrevistas com Claudia Costin e Dr. Daniel Becker aqui no blog.
    5. No dia do evento, vai ser bacana todo mundo saber que você e seus convidados estão participando. Por isso, tire fotos e publique no Instagram e Facebook, sempre usando as hashtags #SimpósioDPI2017 #PrimeiraInfância. Quem sabe alguma delas seja divulgada no site do evento?
    6. Para que todos se sintam parte do Simpósio, a interação é muito importante. Comentem ao vivo, façam perguntas aos palestrantes, usando o espaço dos comentários na página do YouTube, onde acontecerá a transmissão. Para que possamos identificar a sua organização, digite a pergunta, depois a hashtag #SimpósioSatélite e coloque o nome da sua instituição.
    7. Nos intervalos, promova com seus convidados uma discussão sobre o tema exposto. Para isso, vale ter um moderador, que conduza essa conversa e traga outras questões ao grupo, mantendo todos envolvidos e mobilizados. Temos algumas sugestões de encaminhamento para cada palestra no Guia que elaboramos com o objetivo de apoiar o seu Simpósio Satélite.

    Todas essas dicas e muitas outras estão reunidas no Guia de Organização de Simpósios Satélites, que você pode baixar clicando aqui.

    Gostou das dicas para organizar seu satélite? Então para você que já fez o cadastro, confirme aqui seu evento simultâneo e receba materiais de divulgação exclusivos e outras informações importantes.

    Participe, compartilhe, reúna as pessoas, mobilize a comunidade! Precisamos, cada vez mais, divulgar conhecimentos e práticas a gestores e decisores para favorecer o bom desenvolvimento da primeira infância, a base social de nosso país. Contamos com você!

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    Especial VII Simpósio Internacional: nosso futuro depende de políticas públicas para a primeira infância

  • Entrevista – Especialista reforça importância da educação infantil na Base Nacional Comum Curricular

    Entrevista – Especialista reforça importância da educação infantil na Base Nacional Comum Curricular

    Ela conversou com a gente para dar a sua opinião sobre como a educação infantil está presente na terceira versão da Base Nacional Comum Curricular.

    Para ela, garantir o diálogo e a participação das pessoas na construção desse documento pode fazer diferença no aprendizado da criança nos primeiros anos de vida.

    Fundação Maria Cecilia – Beatriz, gostaríamos de saber a sua opinião sobre os tópicos da educação infantil que são tratados na terceira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

    Beatriz Abuchaim – De forma geral, acho que podemos considerar um avanço para a área da educação infantil a sua participação na BNCC. As descrições dos objetivos de desenvolvimento/aprendizagem e das experiências que as crianças devem ter ao longo da educação infantil podem se tornar importantes orientadores das práticas docentes.

    Em relação à terceira versão, em comparação com a segunda, acho que houve alguns retrocessos. Foi feita uma síntese nos textos introdutórios, que acaba por excluir noções importantes sobre a trajetória da educação infantil brasileira.

    Há uma abreviação na explicação de concepções (como a de campo de experiência), que empobreceu o documento, tornando fraca a conexão entre a BNCC e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI).

    É importante salientar que essa conexão é fundamental, uma vez que as Diretrizes possuem um caráter mandatório e por isso devem ser seguidas por todas as unidades de educação infantil.

    Fundação – Quais aspectos você considera que poderiam ter sido melhor tratados nessa terceira versão?
    BA – Outro aspecto, por exemplo, abordado nas DCNEI, que deveria ser tratado na BNCC, é a organização de tempos, espaços e materiais, como elementos constituintes da prática pedagógica na educação infantil. No que diz respeito à estrutura do documento, houve uma separação no texto da descrição do campo de experiência e de seus objetivos, o que certamente dificulta o entendimento do leitor. Também não fica claro porque o título do campo de experiência “Escuta, fala, pensamento e imaginação” foi alterado para “Oralidade e escrita”. Parece que o sentido desse campo ficou bastante restrito, se resumindo a linguagem oral e escrita, quando o título anterior dava uma noção de processos de pensamento mais abrangentes. Olhando minuciosamente, penso que alguns objetivos deveriam ser revistos por apresentarem uma inadequação à faixa etária correspondente.

    Fundação – Você acha que, em sua maioria, as redes de ensino municipais, creches e pré-escolas estão preparadas para a implementação da Base a partir de 2019? Por quê?
    BA – Após a elaboração de um documento como esse, espera-se que existam debates e ações de formação para que profissionais, tanto das secretarias, quanto das unidades educativas, possam se apropriar do documento. É muito importante que se construam diálogos a partir do texto, em que se expressem concordâncias, mas também questionamentos. A implementação de um currículo passa por uma reflexão crítica dos docentes, que lhes permita reconfigurar suas práticas, incorporando aspectos do documento que façam sentido no seu cotidiano de trabalho.

    Fundação – Como você vê o atual quadro de professores para essa faixa etária. Eles estão preparados para seguir as orientações previstas na base? Por quê?
    BA – Os professores de educação infantil, em sua maioria, estão formados como pedagogos. Muito se tem discutido sobre a adequação do curso de Pedagogia na formação destes docentes. O currículo dos cursos é bastante abrangente, permitindo que o futuro pedagogo possa atuar em diversos campos. Isso acaba por deixar de fora especificidades do trabalho na educação infantil, principalmente aquelas ligadas à prática pedagógica. Assim, muitas vezes temos profissionais com um saber bem construído sobre educação, mas não necessariamente pedagogicamente formados para atuarem na educação infantil. Então, para esses profissionais talvez seja um desafio implementar o que está colocado na BNCC, mas também uma oportunidade de aprender sobre a educação de bebês e crianças pequenas. Ações de formação continuada nas unidades de educação infantil serão imprescindíveis no processo de apropriação do documento.

    Fundação – Como você analisa o respeito à diversidade étnico-cultural nessa terceira versão? Ele é contemplado e bem fundamentado como uma premissa?
    BA – Na minha opinião, esse é um ponto fraco do documento. A diversidade étnico-cultural brasileira é apresentada de forma bastante consistente nas Diretrizes, mas na BNCC esse tema é pouco abordado. Acho que deveriam rever essa questão, pois ela está intimamente ligada à construção da identidade das crianças como pertencentes a uma família e a uma comunidade, com características próprias, que devem ser valorizadas e respeitadas.

    Fundação – A Base Comum traz componentes que envolvam a família da criança para fortalecer vínculos parentais por meio da educação infantil?
    BA – Creio que aborda essa questão de forma muito passageira. O tema é de extrema relevância para a primeira infância e deveria ser aprofundado. Há estudos brasileiros que mostram que as relações entre as famílias e as unidades de educação infantil costumam ser muito superficiais. Seria importante que a BNCC alertasse para a importância desta relação para os processos de desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

    Fundação – Quais são as suas expectativas com relação à revisão da terceira versão, a partir das consultas públicas que começarão em julho?
    BA – Espero que haja um amplo debate com a participação de diversos setores da sociedade. Seria muito importante que a equipe responsável considerasse a participação efetiva dos especialistas da área que redigiram as duas primeiras versões e ficaram anos debruçados sobre o documento. Essa integração de olhares me pareceria fundamental, uma vez que a BNCC não é o documento de um governo e, sim, a política curricular para a educação infantil do País.

    Beatriz Abuchaim é psicóloga, doutora em Educação/Currículo pela PUC-SP e pesquisadora na área da educação infantil da Fundação Carlos Chagas.

    Os pontos de vista contidos no texto são de responsabilidade do entrevistado e não necessariamente representam o ponto de vista da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

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    Uma base curricular que promova a equidade e a qualidade da educação

    O brincar: tema central da educação infantil

  • Qualidade, inclusão e investimento: fatores essenciais para o sucesso de políticas pela infância

    Qualidade, inclusão e investimento: fatores essenciais para o sucesso de políticas pela infância

    Um artigo publicado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) chamou nossa atenção. Vamos conferir?

    Por ganhar cada vez mais espaço nas diferentes sociedades, fato que começou a tomar fôlego nos anos 70, a primeira infância acabou por criar, em torno de si, uma grande rede de atores para defender e garantir seus direitos. Além de alguns governos, que assumiram essa bandeira, existem outras instituições envolvidas, como as da sociedade civil organizada, associações comunitárias, organizações internacionais, grupos religiosos e, claro, a família.

    Em cada realidade, essa rede se apresenta de uma maneira. Pode ser formal ou não; pode fazer parte de uma ampla estratégia de governo ou não.

    Independentemente do tamanho dessa conjuntura, todas as formatações de uma rede em favor dos primeiros anos de vida, segundo Adrián Rozengardt, tem como objetivo criar e fomentar melhores políticas de desenvolvimento infantil.

    Mas ele ressalta que, embora existam muitas iniciativas nesse sentido, é essencial que três elementos estejam sempre equilibradamente presentes, para garantir o êxito das ações:

    Qualidade – Pode parecer óbvio, mas manter a qualidade de políticas, programas ou ações não é tão simples. Isso significa garantir boas interações entre a criança e os agentes envolvidos, espaços e equipamentos adequados para que a iniciativa aconteça, capacitação e remuneração justa aos profissionais, participação da família, dentre outros aspectos. Por fim, é preciso que essa ação esteja articulada a outras políticas locais e que existam mecanismos de monitoramento e de avaliação que permitam corrigir possíveis problemas de percurso.

    Inclusão – Qualquer que seja a iniciativa é essencial que ela favoreça a participação do maior número possível de crianças, independentemente de sua condição econômica e de outros fatores que ainda excluem grupos de ações sociais importantes. No entanto, garantir a inclusão dos pequenos mais vulneráveis é dever cidadão daqueles que implementam e mantêm a ação.

    Investimento – Para o autor do artigo, não há política sem investimento, o que significa o uso de recursos federais, locais e internacionais.

    “Encontrar o equilíbrio entre qualidade, inclusão e investimento permite a confluência de maiores e melhores esforços estaduais e sociais para produzir uma mudança qualitativa e sustentada ao desenvolvimento infantil”, conclui o autor, que ainda lança uma pergunta: “Você conhece experiências de grande investimento e de má qualidade e inclusão ou vice-versa?”

    Se conhece, compartilhe aqui conosco.

    Para conferir o artigo na íntegra, em espanhol, clique aqui.

    Leia mais

    “Políticas públicas para a primeira infância devem ser prioridades para combater as desigualdades, o maior problema de nosso país”

    “As políticas públicas nem sempre são entendidas pelos gestores, trabalhadores e população”

  • Como fortalecer a autorregulação da criança?

    Como fortalecer a autorregulação da criança?

    A primeira infância é terreno fértil para a construção de comportamentos e valores, como já falamos muitas vezes neste blog. Nessa fase da vida, o cérebro está pronto para absorver conhecimentos, aprendizados, referências

    Nos primeiros anos, oportunizar formas de a criança se conhecer e estabelecer relações com ela mesma, com o outro e o mundo à volta, aprendendo a mediar suas emoções, fará toda diferença na vida adulta.

    Mas onde começa esse aprendizado? Na família, independentemente de sua configuração.

    Pais e adultos de referência desempenham um papel essencial no processo de autorregulação da criança, ou seja, no desenvolvimento de habilidades de monitorar e modular a emoção, a cognição e o comportamento.

    Tudo para que a criança consiga vivenciar diferentes situações de forma equilibrada e saudável.

    Os especialistas entendem que existem quatro níveis de regulação humana:

    Fisiológica – relacionada ao último período fetal do bebê. São mudanças e controles que se dão ainda no feto.
    Emocional – acontece no primeiro ano de vida, quando o bebê reage às interferências externas. A maneira como vivencia e vence o estresse e a frustração.
    De atenção – se dá durante o segundo ano de vida, quando a criança passa por um amadurecimento na forma como percebe e se atém às coisas e aos acontecimentos, guardando informações na memória.
    Autorregulação – acontece durante os anos pré-escolares, quando a criança desenvolve seu comportamento, as formas de se adaptar a diferentes situações e as funções executivas (clique aqui e leia sobre essas funções).

    Pais e familiares precisam receber apoio para que possam contribuir positivamente a essa fase de seus filhos. Caso contrário, adultos inseguros, dependentes, agressivos, inconsequentes podem prevalecer em nossa sociedade.

    Por exemplo, os adultos precisam ter clareza de que autoritarismo, permissividade e negligência são inadequados nesse processo de formação da criança que, na verdade, precisa de disciplina e comando, balanceados com carinho, atenção positiva, encorajamento, elogios e sensibilidade às suas necessidades.

    Programas e políticas públicas, que possam apoiar os pais nesse sentido, levam a ótimos avanços no processo de construção da autorregulação na primeira infância.

    No Brasil, uma iniciativa bem-sucedida é o Projeto Parceria, um programa que apoia mães que sofreram violência doméstica. A ideia é mostrar a essas mulheres práticas efetivas que ajudem a criar seus filhos para que tenha comportamentos positivos, apesar da experiência de violência conjugal que vivenciaram na infância.

    No geral, programas sociais de educação parental precisam levar em conta:

    • As normas do contexto em que essas famílias estão inseridas
    • A importância do envolvimento das pessoas da comunidade
    • A diversidade dos pais e adultos de referência
    • Uma gama de métodos para atender as necessidades de diferentes famílias e crianças
    • A promoção do empoderamento e da autoconfiança dos pais

    Você conhece algum programa que contemple esses tópicos e promova a parentalidade positiva, ajudando a desenvolver a autorregulação da criança? Compartilhe aqui!

    Fonte: Fundamentos da Família como Promotora do Desenvolvimento Infantil – Parentalidade em Foco, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (páginas 70 a 82)

    Leia mais

    Um guia de parentalidade para inspirar políticas públicas de cuidado a famílias

    Todas as famílias exercem parentalidade. Você sabe o que é isto?

  • Educação Infantil é amor e muito mais

    Educação Infantil é amor e muito mais

    O evento Educação 360º – Educação Infantil, que aconteceu em junho de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, reuniu especialistas daqui e do mundo para debater o tema.

    FMCSV_0546Pinçamos alguns conceitos, entre tantos importantes, para orientar as nossas práticas com a criança.
    Uma delas é que creches sem qualidade prejudicam os pequenos. É melhor que eles fiquem em casa com um adulto referência, ou seja, aquele que convive e se relaciona cotidianamente com as crianças. Essa conclusão é de um dos palestrantes do evento, Daniel Santos, economista da USP e membro do Núcleo Ciência pela Infância (NCPI).

    Segundo Beatriz Ferraz, gerente de educação infantil da FMCSV, “pesquisas de neurociência comprovam que é nos três primeiros anos de vida que o ser humano alcança o ápice do aprendizado de capacidades como linguagem, memória e atenção, importantes para a vida toda“. Por isso a importância da qualidade na educação infantil.

    Daniel também ressaltou que essa qualidade precisa passar pelo afeto, pelo amor. “Sabemos que o desenvolvimento infantil está ligado à vivência de bons estímulos, aos vínculos que a criança estabelece com adultos e com os colegas. Nesse vínculo, há um componente afetivo, o amor, que ajuda a criança a se sentir segura”.

    Já Alejandra Meraz Velasco, do movimento Todos Pela Educação, lembrou, durante o debate, que os impactos dessa fase podem se estender à renda futura de crianças, evitando que muitas se envolvam com crimes e violência.

    Mas o que precisa ter na creche para que a criança receba tudo o que necessita ao seu bom desenvolvimento?

    1. Bons estímulos e muitas brincadeiras
    2. Afeto e vínculo com os educadores e outras crianças
    3. Espaço, brinquedos e livros
    4. Um bom e estruturado projeto pedagógico
    5. Preservação da autonomia e individualidade da criança
    6. Quantidade e qualidade de educadores
    7. Convivência e inclusão

    Agora é com você: o que mais também é importante garantir na educação infantil?

    *Fontes: Revista Crescer e BBC Brasil

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    As 5 fragilidades e as 5 qualidades da educação infantil brasileira

    Por que ainda não conseguimos acolher todas as crianças na educação infantil?